Segundo revisão mundial sobre saúde mental divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano de pandemia, decorrente da Covid-19.
A busca pelo termo no Google também aumentou no período pandêmico. De acordo com dados do Google Trends, 2021 foi o ano em que os brasileiros mais pesquisaram por temas como depressão, ansiedade e estresse.
Por isso, as psicólogas do Colégio Mundo Atual, Cintia e Karine, responderam cinco dúvidas enviadas por meio de nossas redes sociais:
Como auxiliar uma criança em momento de ansiedade?
É importante acolher e escutar ativamente a criança, buscando compreender o que ela precisa naquele momento, respeitando os seus sentimentos e emoções, para auxiliá-la a sentir-se mais segura.
É possível utilizar técnicas de relaxamento, como a respiração profunda, como explica Lenhardtk e Calvetti (2017), já que, devido às frequentes alterações respiratórias observadas nos indivíduos com esses transtornos, é possível proporcionar ao paciente um momento de distração, oferecendo a ele a sensação de um senso de controle sobre o próprio organismo por meio da respiração.
Há também técnicas e estratégias de prevenção como o método Friends, criado pela psicóloga Paula Barret, na Austrália, que tem como objetivo “desenvolver resiliência emocional, promover hábitos de vida saudável e prevenir ansiedade e depressão em seus participantes por meio do ensino de habilidades cognitivas para resolução de problemas, bem como identificação e controle de respostas fisiológicas, reestruturação cognitiva, treinamento de atenção e exposição gradual a situações de medo” (GUANCINO ET. AL, 2020).
Quais são os primeiros sinais de ansiedade?
É importante destacar que existem os sintomas físicos e os psicológicos, que podem estar associados ou não.
Sintomas psicológicos: preocupação excessiva, pensamentos intrusivos e/ou repetitivos, medo de interações sociais, inquietação/agitação, insônia, entre outros.
Sintomas físicos: tremores, coração acelerado, sudorese, sensação de falta de ar, náuseas, desconforto abdominal, entre outros.
No entanto, é importante lembrar que a ansiedade se manifesta de modos diferentes em cada pessoa, e que, manifestar algum desses sintomas, não significa necessariamente ter algum transtorno de ansiedade. Pois, todos nós apresentamos ansiedade, em maior ou menor grau, em diversas situações cotidianas.
Entretanto, é importante se atentar a frequência que esses sintomas aparecem e, se necessário, procurar ajuda profissional.
Além disso, a ansiedade é uma emoção natural, relacionada à autopreservação do ser humano. Torna-se patológica quando é desproporcional, com intensidade e duração considerável, gerando prejuízos funcionais, organizacionais e sociais.
Ansiedade atrapalha nos estudos de adolescentes e jovens?
Pode sim afetar o desempenho escolar, impactando na concentração, memória e aprendizado. Além disso, devido aos sintomas de ansiedade estarem associados, principalmente, a preocupação e/ou medo excessivos, podem gerar estresse na criança ou adolescente.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TDAH é um distúrbio do desenvolvimento, definido por níveis de hiperatividade-impulsividade, que pode se apresentar por meio de incapacidade de se manter sentado e inquietações, sendo em níveis excessivos para a fase de desenvolvimento.
Também é descrito o nível de desorganização e desatenção, envolvendo uma incapacidade de permanecer em uma mesma tarefa, perdas de materiais com frequência e “aparência de não ouvir”.
O quadro psicopatológico de déficit de atenção e hiperatividade é complexo e afeta todo o desenvolvimento cognitivo, social e psicossocial do indivíduo. Por esse motivo, é crucial a intervenção em diversas dimensões, tanto familiar quanto no ambiente escolar.
Como os canais digitais afetam a saúde mental?
As redes sociais desempenham um papel importante na vida de crianças e jovens. Os conteúdos podem influenciar desde a forma de se vestir até o comportamento. E é crucial destacar que podem ser tanto positivas quanto negativas.
Dependendo do conteúdo, a criança ou adolescente pode mudar a percepção de si mesmo, desde estereótipos de beleza até a classe econômica. Dessa forma, o indivíduo pode se enxergar como alguém inferior.
Falar sobre saúde mental é importante durante todo o ano, não apenas na campanha Setembro Amarelo. Portanto, procure sempre ajuda psicológica com um profissional.
Karine Cristine de Faria Barbosa. CRP: 06/185073
Cinthia Palácio Leite. CRP: 06/184495